quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

MAIS ESTRANHO QUE A REALIDADE

Não tenho por hábito duvidar a priori do que as pessoas me dizem. E foi estranho o modo como o conheci.

Morei por exatos cinco anos em um apartamento sem garagem na Avenida Jabaquara, Praça da Árvore. Cansado de ter que andar na avenida à noite depois de guardar o carro, procurava e encontrei um novo estacionamento numa rua mais calma do bairro. O estacionamento tinha um preço razoável e fui o primeiro mensalista, o dono estava começando com o negócio ali. Tivera outro estacionamento próximo à faculdade de artes da Vila Mariana, mas perdeu tudo, foi para a rua. Agora recomeçava com um novo empreendimento com a herança de um irmão que morrera sem deixar herdeiros (trabalhou a vida inteira e morreu jovem), reformou o terreno (de 50 metros de comprimento) e construiu uma casinha no fundo para morar, e um banheiro independente na frente para os clientes. Não demorou a aparecer clientes: usuários das clínicas médicas ao redor, mensalistas e avulsos; um supermercado próximo combinou com ele de pagar R$ 1500 por mês para que os seus clientes pudessem parar os carros.

Genioso e temperamental, surgiram discussões e desentendimentos com os clientes e eles começaram a sumir assim como chegaram: o supermercado, avulsos, mensalistas e usuários de clínicas médicas ao redor. Com o dinheiro da herança comprou também um carro, um apartamento e uma bomboniere para os filhos na praia, mas a maior parte do tempo vivia somente com a companhia de seu cachorro vira-lata, providencialmente apelidado de "Amigo".

Não entendia o porquê do seu gênio, da sua irritação e aparente agitação. Segundo me disse em conversas esparsas, dores de cabeça, epilepsia e um início de Alzheimer. Não era o que a vizinhança me alertava, diziam que ele mexia com isso, ou com aquilo. Bem, se mexia ou não, nunca me fez nada, sempre me tratou bem. O único incômodo eram suas “interfonadas” com pedidos de “dez cruzeiros ou vinte” que eram devidamente descontados ao final do mês. Certa vez contou-me que deu “perda total” no Corsa que tinha em um acidente subindo da praia, depois o Saveiro que comprou com o dinheiro do seguro quebrou. Enquanto isso, decaía fisicamente, deixava a barba e cabelos crescerem, parou de tomar banho e, à medida que decaía, tudo em volta acompanhava numa bizarra harmonia. A casa envelhecia, perdia a cor, as plantas morriam e o estacionamento virou um depósito de materiais recicláveis. Ficou sem luz e, dizem, sem água. Eu era o seu último mensalista. Mudei de apartamento para um com garagem há cerca de seis meses. Há uns dois meses, parado em um farol da avenida, o vi passando e olhando longe com o cachorro Amigo no guidão da bicicleta, companheiro.

EPÍLOGO

Dia 27 de janeiro de 2010, noite.

-Flávio, vem aqui ver uma coisa no computador.
Li a matéria no site do famoso jornal.
-Adivinha quem é o sujeito?



O que pensar disso?
Não tenho por hábito duvidar a priori do que as pessoas me dizem.

Boa sorte Eduardo!

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

B SIDE ARE US!



Não é raro procuramos por algo na internet e nossas “googladas” nos levarem para outros rumos. Em uma dessas procuras o ZINISMO encontrou o interessante blog B-Sides "R" Us.

A idéia do blog é disponibilizar música que você geralmente não conseguiria comprar, ou porque são edições fora de catálogo, edições especiais ou singles; ou ainda porque são trabalhos que não possuem interesse comercial suficiente para serem lançados, como demos, versões acústicas ou ao vivo. No geral, o foco do blog é na música “indie”, principalmente norte-americana, destacamos porém, o material disponível de bandas (do que chamava-se) emo dos anos 90, como Jawbreaker, Sunny Day, Alkaline Trio e etc.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

VÍDEO JUNTA TRIBO

2009 acabou e passou batido uma data importante para o rock alternativo brasileiro: os 15 anos do festival Junta Tribo.

O festival teve duas edições, ambas na UNICAMP (Campinas -SP) em 1993 e 1994 e reuniu muitas bandas que começaram e fizeram (ou não) história no udigrudi brazuca, como Planet Hemp, Raimundos, Muzzarelas e Garage Fuzz (entre outras).

Para diminuir um pouco do impacto deste deslize (por nossa parte também, diga-se de passagem), disponibilizamos um vídeo feito pela EPTV Campinas que fornece um bom resumo do que foi chamado por muitos de "Woodstock brasileiro"...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A ARTE PERDIDA DA CONTEMPLAÇÃO


Miguelanxo Prado, quadrinista, levou quatro anos e reza a lenda, pintou cerca de 10.000 telas à óleo para poder fazer a animação “De Profundis”.

É um filme para se ver com calma, com um espírito contemplativo, não tem falas, grandes cenas de ação, a música é instrumental e orquestrada. Se fosse em um desenho de qualquer canal a cabo para crianças, penso que toda a situação seria resolvida em alguns minutos.



Outro dia, meu irmão mais velho deu uma bronca em sua filha porque ela engoliu um bombom Sonho de valsa em uma só mordida – você sentiu algum sabor ? – foi o teor da pergunta.

O MP3 arruinou minha sensibilidade e paciência com a música... Hoje entendo... discos, álbuns devem ser consumidos com a moderação, calma, digestão... respeitando o tempo que levaram para ser feitos...

O Glutamato monossódico, elemento químico estimulador das papilas gustativas (na sua língua) presente na maioria dos alimentos industrializados “implodiu” sua capacidade de sentir e distinguir a sutileza dos sabores...

Outro dia assisti Stalker, filme de 1979 do cineasta russo Andrei Tarkovski. Confesso com vergonha que durante os 163 minutos quase cochilei duas ou três vezes... Mas ainda hoje, três semanas depois, consigo ter visões e conclusões diferentes sobre o sentido do filme.



Nesta era da informação tem sido um exercício sentar e ler um livro. Nossos órgãos sensoriais querem mais e muitas vezes querem pronto.

Um exemplo hipotético: Um filme é fragmentado em várias partes, sua ordem: começo, meio e fim é trocada; ou ainda criam-se várias pequenas histórias que têm um ponto em comum... Ao acabar de vermos tal filme teremos a falsa sensação de satisfação por conseguir entender o filme, o quebra-cabeça básico e premeditado do diretor... Realmente usamos nosso cérebro em algum momento nisso? Avançamos? Interpretamos?

A fragmentação de informações é tanta que não sobra tempo ou espaço para digerirmos de modo decente ou encaixá-las em meio às outras que já possuímos, o que dirá elaborarmos uma opinião própria e fundamentada embaixo deste bombardeio... O processo de construção de conhecimento fica comprometido ou na beira do limite da exaustão.

Puxar o freio de mão, buscar a arte perdida da contemplação ainda é possível. E cabe ao indivíduo em plena era da informação, assumir a contraditória postura de negar o excesso de estímulos sensoriais para salvar sua sanidade e capacidade de pensar.
E isso será sem dúvida um ato de resistência em nosso tempos.

sábado, 16 de janeiro de 2010

FESTA DE LANÇAMENTO " NÃO DEVEMOS NADA A VOCÊ" + SHOWS



Para começar o ano com o pé direito, o Espaço +Soma estreia a programação dos sábados de 2010 com o lançamento do livro “Não Devemos Nada a Você – Punk Planet: Coletânea de Entrevistas". O livro reúne 34 entrevistas publicadas na revista americana Punk Planet entre 1997 e 2007 de músicos que ajudaram a mudar a história da música independente. Entre eles estão Ian MacKaye (Fugazi, Dischord), Jello Biafra (Dead Kennedys), Thurston Moore (Sonic Youth) e Kathleen Hanna (Bikini Kill, Le Tigre). De HŸsker DŸ, Jawbreaker e Sleater-Kinney a The Gossip, Los Crudos e Shelter. Para embalar a noite de lançamento rolam os pockets shows de Irmão Urso (Rafael Crespo a.k.a. Poniboy) e Eliane Testone, guitarrista, designer gráfica e ex-integrante das bandas Pin ups e Hats, que traz seu projeto de voz e violão, o Repentina. E o melhor: é de graça. Vai perder?


Lançamento do livro “Não Devemos Nada a Você” e Pocket Show de Irmão Urso (Rafael Crespo a.k.a. Poniboy) & Repentina (Eliane Testone)
Quando . Sábado, 16 de janeiro de 2010
Horário . À partir das 19h
Entrada . Só chegar!

Apareça! Divulgue! Faça Parte!

Espaço +Soma (Espaço Cultural/Loja/Café)
Rua Fidalga 98 - Vila Madalena - São Paulo - SP
Informações - info@maissoma.com / 11 3034.0515
Terça a quinta-feira das 12h às 20h
Sextas e sábados das 12h à 0h
Por enquanto não aceitamos cartões de crédito ou débito.


Sintam-se abraçados,

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A PRIMEIRA IMPRESSÃO


Por Marcelo Viegas

No fim de 2009, chegou finalmente a minha caixa dos Beatles (remasterizada e stereo). Para não correr o risco de ser tributado, efetuei a compra pela Amazon e mandei entregá-la na casa da mãe de um amigo nos EUA. E ela, muito gentilmente, trouxe a caixa quando veio para o Brasa. A manobra valeu a pena: a caixa que custa em média R$1.000,00 nas lojas brasileiras, saiu por 190 dólares (algo em torno de R$330,00). Uma bela economia, né não?

Manobra alfandegária revelada, vamos ao que interessa. E o que interessa, nesse caso, é ouvir Beatles stereo pela primeira vez. Coisa fina! Som absolutamente encorpado, alto, capaz até mesmo de atrapalhar conversas (afinal, sempre que tocava Beatles nas festas, o volume do som diminuía um bocadinho, tornando possível papear ao som de “Tomorrow Never Knows”. Not anymore!).

Mas, vale registrar a constatação de um beatlemaníaco assumido, daqueles que passaram a vida toda ouvindo e cultuando a banda, primeiro por influência paterna, depois herdando a coleção de discos do tio, e seguindo na deliciosa rotina de ouvir mais Beatles que qualquer outra banda ao longo de sua vida. Eis a constatação (que pode ser apenas impressão ou até mesmo equívoco): creio que a tal da remasterização + a transformação em stereo beneficiou sobremaneira nosso amigo Paul McCartney. Sem John (especialmente John) e George para garantir “direitos iguais”, Sir Macca talvez tenha puxado a sardinha pro lado do seu Höfner. Com todo o respeito e admiração, Ringo é voto nulo, sempre foi pau mandado.

Então, ou meus ouvidos estão me traindo, ou rolou uma ênfase desigual no som do baixo. Com exceção das músicas mais pesadas, como “Birthday” ou “Helter Skelter”, onde o som das guitarras sobressai naturalmente, a impressão que tive é de esmero e volume mais acentuados no baixo. Mesmo que não seja deliberadamente a intenção, é quase instintivo - estando ali ao lado do produtor, com os cotovelos apoiados na mesa - acabar olhando com mais carinho para o seu instrumento do que para os demais. Talvez eu esteja viajando, mas insisto na primeira impressão: o baixo bateu de uma maneira diferenciada.

Alguém mais teve essa impressão?

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

NOITE DE GALA DO ROCK DE MARINGÁ

É muito legal ver iniciativas cujo objetivo é o fortalecimento da cena local. Seja onde for! Think global, act local. Seguindo esse caminho, a produtora Sonic Flower Club, de Maringá (PR), está sempre trabalhando para movimentar a cena de sua cidade.

E nada melhor que evidenciar os talentos locais. Assim, vai acontecer no dia 20 de janeiro o Sonic Flower Club - Melhores de 2009, para premiar os destaques da cena roqueira de Maringá no ano passado.

Confira logo abaixo a chamada para o evento:



E se você é de Maringá, compareça! Prestigie e participe de sua cena local!

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domingo, 10 de janeiro de 2010

ZINISTA NA MÍDIA



Nosso comparsa Flávio Grão, ao lado da esposa Graciene, inaugurou a seção Preferências na revista OE. E agora, dando continuidade na pauta, o site da OE disponibiliza um vídeo que mostra um pouco do processo criativo do Grão, durante a realização do desenho logo acima. Filmado na sua antiga moradia na Praça da Árvore, o vídeo foi captado/dirigido pelo cineasta Vébis Jr, editado por Rafael Armbrust e tem trilha sonora de Parteum. O resultado é uma experiência audiovisual de muito bom gosto. Confira aqui.

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

ENCONTRO DE ZINEIROS



Acontece no dia 16 de janeiro, na loja Combat Rock (São Paulo, SP), o 1º Encontro de Zineiros. A ideia é mostrar um pouco do que acontece no cenário atual de zines impressos, intercâmbio de informações e buscar alternativas para manter viva a cultura do fanzine. Participe!

Serviço:
1º Encontro de Zineiros
onde: loja combat rock
end: galeria nova barão, loja 66, centro de sp.
quando: 16 de janeiro
horário: 14:00h

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