terça-feira, 10 de agosto de 2010

MEMÓRIAS DE FANZINE - AAAH - # 1 e 2

Costumo dizer que as redes sociais são como qualquer ferramenta, sua finalidade pode ser boa ou ruim, dependendo da intenção do usuário.

Estes dias me deparei no facebook com alguns textos interessantes do fanzineiro Márcio Sno. São reflexões ou memórias pessoais sobre sua experiência com os fanzines. Vale a pena a leitura, dá para sentir (ou relembrar) um pouco da época (anos 90) e também acompanhar a trajetória do zineiro, suas expectivas, desafios, resultados...

Percebi que era um documento interessante demais para ficar restrito ao facebook e cá está ele, compartilhado com os leitores do ZINISMO.

Neste primeiro capítulo, os zines AAAH # 1 e 2!

ZINISMO RECOMENDA!


Aaah!! n°1 - 1993


Lembro-me como se fosse hoje: estava eu no ônibus indo trabalhar, cochilando (estilo a MC Creide: eu cochilo, mas sempre de olho aberto!) e pensando no que fazer da minha vida. E veio uma ideia na minha cabeça que me fez abrir os olhos quando o ônibus, na 23 de Maio passava ao lado do Centro Cultural Vergueiro.
"Vou fazer um zine!" E essa ideia me perseguiu sem que eu pudesse evitar.
Na escola, à noite, passei a desenhar um rato pelado gritando. Pronto. O nome e a capa do meu primeiro fanzine estava esboçado na última página do meu caderno. Ainda tenho esse desenho original.
Essa capa, aliás, deu um trabalhão pra dar esse efeito de palha no fundo. Mas deu um certo prazer quando terminei. Mais tarde esse mesmo desenho virou estampa de uma camiseta única e exclusiva que só eu tive coragem de usar.
Nessa edição sairam bandas como Scum Noise, Intense Manner of Living, Anjo dos Becos, Ñrü, Flesh Temptation, entre outras. Claro, a maioria era releases, mas eu estava feliz em entrar com o pé direito nesse estranho e enigmático universo dos fanzines...


"Aaah!! - n° 2 - 1993"


Depois do lançamento do meu primogênito, passei a conhecer mais pessoas do meio dos zines. Muitos por carta e pouquinhos pessoalmente.
Uma vez teve uma feira de fanzines na Livraria Belas Artes, na Paulista quase esquina com a Consolação, que não pensava em acessibilidade universal, já que tinha uns degrauzões gigantes para entrar nela. Essa livraria era bastante conhecida pelos seus livros de arte e histórias em quadrinhos.

Um dos organizadores, Guto Galli, que era funcionário da livraria, me apresentou o grande ilustrador MZK (até então eu desconhecia a grandeza desse cara no meio das HQs). Conheci também, o Carneiro que na época era vocalista da badalada Mickey Junkies (que aliás saiu na primeira edição do Aaah!!). Mas a pessoa mais importante que conheci nesse dia, meio que "se ofereceu" a me conhecer, já que ele conhecia a banda que estava estampada na minha camiseta: Soutien Xiita (sim, aquela que tem o cachorro comendo um guarda - polêmica!). Hugo Leta é seu nome. Trocamos muitas ideias e fizemos juras de amor eterno. E nessa história toda, ele acabou me emprestrando alguns desenhos originais (veja só, tinha acabado de conhecer o cara e ele me emprestou todos os originais dele!). Xeroquei tudo e usei nesse zine e nos que vieram depois. Quando peguei esse que virou capa, eu já tinha certeza que o lugar dele seria ali mesmo: na frente de tudo, puxando a segunda edição do zine. Se olhar com certa atenção (na verdade, nem precisa muita!), onde está o logo do zine, eu fiz uma emenda, pois o desenho dele acabava ali mesmo.

Nessa edição saiu muuuuuuitos releases, entrevista com Penitence, Carnal Desire (numa das minhas idas ao Der Temple para um show com o Anarchy Solid Sound e Soutien Xiita, conheci o fantástico Tarso Carnal), Death Hate, a clássica Dezakato, Hirkania, A minha primeira grande entrevista com Ñrü, com o fanzineiro Danúbio Aguiar (nesse caso, ele havia respondido impresso em uma impressora matricial, e como eu só usava máquina de escrever, aproveitei a impressão, mesmo saindo quase transparente).

Tinha também entrevistas com o Flesh Temptation, uma banda death de Brasília, que era uma das únicas que tinha disco de vinil lançado, com o recém formado White Frogs, vejam vocês!

Ah, nessa edição, também contei com a colaboração de textos do grande amigo Alcir, que na época tocava na banda grind Hinfamy.

Sei lá. Só sei que depois desse zine meu círculo de amizades passou a aumentar a cada dia...

2 comentários:

  1. a melhor parte da ''rede social'' é o unfollow

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  2. Muito style a iniciativa, Grão!

    E possui duplo valor a empreitada: resgate da historia do fanzinato nacional (e chance para os mais novos terem acesso), ao mesmo tempo que serve para saciar a curiosidade daqueles que tiveram esses zines em mãos, e agora podem conhecer detalhes dos "bastidores".

    Cool!

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Andarilhos do Underground: ZINAI-VOS!!!