segunda-feira, 28 de novembro de 2011

INSPIRAÇÃO

Tá precisando de um pouco de inspiração para encarar a semana que se inicia ou mesmo o final de ano corrido? Então toma!



Italo Romano, skatista curitibano, perdeu as pernas num acidente de trem. Com o skate, ganhou pernas novas.

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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ENTREVISTA LÊ ALMEIDA


Tive o primeiro contato com Lê Almeida através da coletânea em vinil 7 polegadas Coração Transfusionado, que comprei na loja Locomotiva Discos, dos irmãos Gilberto e Márcio Custodio. Alguns meses se passaram e, dias atrás, recebi um pacote enviado pelo ativista guitar Rodrigo Lariú, contendo o novo álbum do artista carioca, chamado Mono Maçã. Em vinil, coisa fina, 23 sons que navegam pelo guitar rock lo-fi, com influência de nomes como Guided By Voices e Pavement.

Por email falei com o cantor e compositor de 27 anos, que mora na Baixada Fluminense e trabalha com o pai, consertando malas. Além de tocar e gravar suas próprias músicas, Lê também lança trabalhos de outros artistas, pelo seu selo Transfusão Noise Records. Confira a entrevista.


Há quanto tempo você vem tocando e compondo?
Desde os 15 anos eu acho, comecei tocando bateria e depois fui partindo para outros instrumentos.

O estilo de som que você faz remete bastante à antiga escola guitar nacional, dos anos 90. Pelas imagens que vi em vídeo, você parece jovem, ou ao menos jovem demais para ter vivido intensamente aquela época. Como é sua ligação com essas bandas e essa época?
Eu curto muito o que já foi feito desse tipo de sonoridade, mas não tanto a nacional como você se refere, sou mais ligado aos roques 90 do Erics Trip, Microphones, Guided By Voices, Daniel Johnston, Halo Benders e afins. De nacional eu sou só muito fã do Second Come e Stellar.

Lançar em vinil é: realização de sonho, profissão de fé ou mais possível do que as pessoas imaginam?
Pra mim foi realização de sonho e viabilização para um mercado bonito e gratificante, onde você consegue fazer brotar uns sentimentos perdidos em meio a um monte de CDs. Sempre fui muito ligado a LPs e hoje nem acho uma coisa de total dificuldade, quando se trabalha com seriedade.

Também li por aí que você gravou o disco em casa, usando um Tascam, captou baterias no quintal, etc. Essa história procede?
Sim, todas as minhas gravações se baseiam em experiências caseiras ligadas a fita k7 e captações diferenciadas de sons, tanto em quintal como dentro do quarto e outros cômodos.

Nas suas músicas, a voz não vem em primeiro plano, está sempre meio enterrada, como se fosse mais um instrumento. O que é mais importante: as letras/voz ou a música/instrumental?
Eu considero a voz como mais um instrumento dentro das guitarras, acho que não precisa ser de um todo enterrada, mas não precisa ficar lá na frente como em 90% dos casos por aí.

Para você, o que é o rock brasileiro?
Complexo, existem várias variantes, eu não consigo ver tudo como uma coisa só... Me vejo dentro do roque independente que cultiva guitarras distorcidas e sei um pouco sobre isso. No contexto de roque brasileiro eu só entendo que tudo é meio repetido e limpo. Em relação a cenas e selos, acho que a coisa vem dando uma nova volta, ligada as bandas realmente independentes e pessoas realmente cientes do que querem fazer.



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terça-feira, 22 de novembro de 2011

A PIXAÇÃO MAIS BONITA DA CIDADE


A pixação (ou pichação, como preferir) política, de protesto, de contestação, era uma prática muito utilizada no período negro da Ditadura Militar no Brasil. Correu mundo a imagem do jovem estudante, spray na mão, mandando um "ABAIXO A DITADURA" na parede. De meados dos anos 80 pra cá, com a abertura política, esse tipo de manifestação perdeu força, tanto nos muros das cidades quanto nas cabeças dos jovens.

Talvez por isso essa pixação da foto acima chame tanto a minha atenção. Claro que colabora para isso o fato de que ela está no meu caminho de todos os dias, no trajeto SBC-Vila Mariana. Pela repetição diária acabou entrando no meu inconsciente. Entretanto, tenho a impressão de que, mesmo que tivesse visto uma única vez, a frase teria surtido efeito semelhante. Um pixo lindo, um pixo político: a pixação mais bonita da cidade.

obs (1). a foto meio tosca, nada profissional, foi tirada às pressas, com o celular, no meio do trânsito caótico de sp.

obs (2) faço também menção honrosa ao pixo lendário do Butantã: "SLAYER E MACONHA NAS ESCOLAS". Esse menos político, mas igualmente contestador e absolutamente divertido!


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domingo, 20 de novembro de 2011

DOCUMENTÁRIO HARDCORE ANOS 90 - TEASER ESPECIAL 15 ANOS DE VERDURADA

Para os que não sabem, está em produção um documentário sobre a história do Hardcore dos anos 90 em São Paulo, cuja previsão de lançamento é para o próximo ano (2012 - se o mundo não acabar).

Em comemoração aos 15 anos do festival Verdurada, a equipe de produção do documentário foi convidada e produziu um teaser especial sobre a cena Straight Edge e o evento que é um dos mais importantes da cena brasileira.



Para saber mais sobre o documentário, leia a entrevista com o produtor Marcelo Fonseca, feita pelo ZINISMO em maio de 2010.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

NOVA SÉRIE DE VIDEOCASTS DO PARTEUM

O inquieto e talentoso Parteum acaba de disponibilizar o primeiro episódio da sua nova série de videocasts. "Raciocínio Quebrado Ep. 01" mostra um pouco do dia-a-dia do artista, incluindo skate no Pátio do Colégio (São Paulo/SP), show e rolê pelas ruas de Curitiba (PR), pesquisa de materiais para a colaboração ÖUS X PARTEUM e muito mais. Confira:

Raciocínio Quebrado | Ep. 01 from Parteum on Vimeo.



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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

AMERICAN HARDCORE - A HISTÓRIA DO PUNK ROCK AMERICANO 1980 - 1986


A prática de fazer "copy-paste" de releases de imprensa não faz parte do modus operandi do Zinismo. Mas toda regra tem sua exceção: o release do DVD "American Hardcore - A História do Punk Rock Americano 1980 - 1986" foi escrito por mim, então achei justo reproduzi-lo aqui, para ilustrar essa nota avisando que o filme já está com a Pré-Venda rolando, no site Ideal Shop. Clique aqui e reserve o seu!

AMERICAN HARDCORE
A HISTÓRIA DO PUNK ROCK AMERICANO 1980 – 1986


“Não havia nenhuma organização de esquerda nos EUA nos anos 80. Mas havia o hardcore. Se você está procurando por radicalismo nos EUA nos anos 80, você deveria procurar o hardcore.” (Vic Bondi, do Articles of Faith, sobre o legado político do hardcore)

“Vou dizer exatamente o que está na minha cabeça, e vou fazer em 32 segundos.” (Ian Mackaye, do Minor Threat, sobre a proposta musical das bandas de hardcore do começo dos anos 80 nos EUA)


O diretor Paul Rachman teve bem mais do que 32 segundos para contar a história dessa geração no documentário “American Hardcore – A História do Punk Rock Americano 1980 – 1986”, mas conseguiu transmitir exatamente – com depoimentos, trechos de shows e contextualização de época – a energia, frustração e inconformismo com a ordem vigente (em termos políticos, musicais e comportamentais) que motivou aqueles jovens norte americanos a darem um passo além no Punk Rock.

Quem eram esses jovens? Para citar apenas algumas bandas: Black Flag, Circle Jerks, Minor Threat, Bad Brains, T.S.O.L., SS Decontrol, MDC, Bad Religion, D.O.A., Gang Green, Minutemen, Poison Idea, 7 Seconds, dentre muitas outras. Enquanto a América vivia sob a égide do primeiro governo Reagan, com a tradicional política externa de interferência e imperialismo, e internamente conservadora, careta e “pueril”, nos subúrbios de Los Angeles começava uma movimentação contrária a esse quadro: jovens que não estavam nem um pouco satisfeitos com isso, e disseram não!


Esse grito de negação, traduzido em músicas rápidas, agressivas e politizadas, disseminou-se rapidamente, tanto na Costa Oeste (LA, San Francisco, Orange County) quanto na Costa Leste (Boston, New York, Washington DC), “contaminando”, por fim, até mesmo o miolo do país, tradicionalmente mais conservador. O Hardcore estava nas ruas da América, contestando o establishment e construindo uma valiosa rede de contatos, que permitia o intercâmbio entre bandas, zines, discos, ideias. Sabe o tal do cenário underground? Então, começou ali.

Baseado no livro de Steven Blush (“American Hardcore: A Tribal History”), o documentário mostra cronologicamente o desenvolvimento dessa cena, através de depoimentos dos próprios protagonistas. Keith Morris e Greg Hetson (Circle Jerks), Ian Mackaye e Brian Baker (Minor Threat), Henry Rollins e Greg Ginn (Black Flag), H.R., Dr. Know e Darryl Jenifer (Bad Brains), Mike Watt (Minutemen), Vinnie Stigma (Agnostic Front), são algumas das vozes que dão vida ao relato.

Outros temas importantes são abordados, como a participação feminina, Straight Edge e, obviamente, a violência nos shows (e fora deles), que num determinado momento ganhou posição central e contribuiu para o desmoronamento daquele cenário. As brigas, somadas à crescente repressão policial e à desilusão pela reeleição de Ronald Reagan em 1985, foram baldes de água fria que minaram as energias e causaram o refluxo daquele movimento.

Porém, a história já havia sido escrita, em forma de acordes, ideias e ação. Um legado que abriu portas, mostrou caminhos e continua a inspirar. Como bem lembra Chris Doherty, do Gang Green: “Eles dirigem aquela merda de ônibus de turnê na estrada que nós construímos”.

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

RAYMOND PETTIBON + RED HOT CHILI PEPPERS = MONARCHY OF ROSES

Bem, se este blog existisse há vinte anos atrás, o Red Hot Chili Peppers teria certamente passado muitas vezes por aqui, éramos mais jovens, tínhamos mais hormônios e o RHCP fazia um som realmente impressionante para a época.

Infelizmente, hoje a banda é um pouco uma sombra destes áureos tempos, mas por vezes ainda aparece com alguma novidade que merece atenção, principalmente com relação aos videos. É o caso de Monarchy of Roses que é inspirado nos trabalhos do artista Raymond Pettibon. Ok, você não suporta o RHCP, abaixa o volume então cara!

FANZINADA NO MASP



O MASP é o mais importante museu da cidade de São Paulo e um dos acervos mais milionários e respeitados no mundo. Com a sua exposição De Dentro e de Fora proporcionou, mais uma vez, a entrada do graffiti em museus e reforçar o seu reconhecimento como obra de arte. Justíssimo.

Caledonia Dance Curry, trouxe o seu “Acampamento Ercília” para o vão do MASP, um barraco aberto, onde artistas e “pessoas comuns”, podem fazer intervenções em toda a instalação, pemanentemente. E foi lá que a Fanzinada se instalou em 5 de novembro.

Boa parte da programação furou, mas foi uma grande oportunidade para rever fanzineiros das antigas e da atualidade e também conhecer muita gente que está produzindo fanzines impressos.

O poeta Glauco Mattoso escreveu um soneto especial mente para esse evento, o qual reproduzimos abaixo:

FESTIVO MOTIVO [soneto #5002]

Incrivel! O fanzine sobrevive,
em tempos de internet, e não ha nada
que o torne ultrapassado! A molecada
ainda tem aquelle gaz que eu tive!

Da rede virtual que elle se prive
nem é preciso, e é justo que elle a invada.
Mas, quando se organiza a "Fanzinada",
dum facto não ha foco que se esquive:

Seu charme é ser impresso, mais ou menos
o caso do chordel, esse folheto
tão practico em seus moldes tão pequenos...

Eu, hoje, a fanzinar não mais me metto,
mas gosto quando um zine berra, a plenos
pulmões, ter publicado o meu soneto...


Obs.: Os textos assinado por Glauco Mattoso estarão em desacordo com a ortografia oficial, pois o autor adotou o sistema etmológico vigente desde a época clássica até a década de 1940.

Abaixo, uma amostra do Jornal Dobrabil, feito por Glauco na década de 1980, todo feito em máquina de escrever:

sábado, 12 de novembro de 2011

O GOOGLE É POP


OK! O Google é o capeta! É a bola da vez das teorias de conspiração, afinal, o Google sabe tudo, TUDO MESMO. O Google conhece seu gosto musical, gastronômico, etc, etc, vende anúncios e ganha milhões de dolares com essas informações e bla, bla, bla...
Mas o Google é pop! Virou verbo e tudo mais!!!
E justamente por saber tudo, o Google brinca com os usuários!

Começou há uns quatro ou cinco anos atrás, na primeira explosão de mitos do CHUCK NORRIS! Talvez você nunca tenha ouvido falar, mas a real é que: SE VOCÊ DIGITAR NO GOOGLE "FIND CHUCK NORRIS" E CLICAR EM "ESTOU COM SORTE" (COLOQUE O MOUSE SOBRE A PALAVRA SE VOCÊ ESTIVER USANDO O NOVO LAY OUT DO GOOGLE) E COMO RESULTADO VOCÊ TERÁ A IMAGEM ACIMA!

Sim é isso mesmo!!! Nem mesmo o Google pode achar o Chuck Norris, porque todo mundo sabe, é o Chuck Norris que acha você!!!

Daí a parada pegou entre os geeks e de lá pra cá, o Google anda brincando bastante com os usuários!
Bom, se você estiver aí, de saco cheio e quer rir um pouco, tente fazer buscas como:

Google Sphere + estou com sorte!
Epic Google + estou com sorte!
Google Gravity + estou com sorte!
Google Loco + estou com sorte!
Google Gothic + estou com sorte!
ESSE É DEMAIS - Google PacMan + estou com sorte! - Clique na imagem e jogue!
Google Guittar + estou com sorte!
Google Pirate + estou com sorte!
Google Rainbow + estou com sorte!
Google Reverse + estou com sorte!

Ao menos, dá pra rir um pouco do temido Google!!!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SUMIÇO NA MANSÃO




Por Douglas Prieto*


Em 1989, comecei a fazer o segundo grau, ou ensino médio, numa escola do Ipiranga, chamada “Alexandre de Gusmão”. Um dos meus primeiros colegas foi um tipo meio lunático, um sujeito chamado Danilo, apelido Tucano (por conta da composição facial) e óculos espessos. Um cara daqueles que não gostava de estudar, mas se garantia nas provas graças a sua inteligência.

Acabamos nos tornando amigos por conta do gosto musical, mesmo sem ter nenhuma banda em comum. Eu ia atrás de tudo que tinha alguma ligação com skate, e vivia num mundo de TSOL, Suicidal Tendencies e bandas de metal. Ele era um aficionado pelo que chamava de "Industrial" e EBM (Eletronic Body Music), e vinha com Nitzer Ebb, Neubauten e se esforçava diariamente para me mostrar que o Front 242 ia muito além do que aparecia no Clip Trip, extinto programa da TV Gazeta. Mas o que era exatamente igual é que nós dois não queríamos escutar as bandas que chegavam aos nossos ouvidos, mas sim queríamos escolher o que ouvir. Essa atitude em relação a música nos tornou mais próximos do que se gostássemos do mesmo rótulo.

Respirando música 24h por dia (só a revista Mad, que encapava seus livros e cadernos, o fazia mudar de assunto), ele arrumou um trabalho na Mansão dos Nobres, casa noturna que funcionava na Av. Ricardo Jafet. E lá, ele aproveitou-se da boa biblioteca musical de maneira camarada. Certa vez, me gravou um K7 com LL Cool J de uma lado, N.W.A. do outro. “Vocês skatistas gostam de rap, não é?” foi a frase que me disse ao me entregar a fita (sem esquecer de exigir uma nova fita virgem).

Mas, surpreso mesmo, fiquei quando ele me trouxe esse LP, devidamente subtraído da Mansão, em sua última semana de trabalho por lá. Era o “New Traditionalists”, disco do Devo lançado em 1981, devidamente etiquetado e numerado pelo antigo proprietário. Ele me entregou o disco sem capa, disse que estava saindo do emprego, que esse disco jamais tocaria naquela casa, e portanto, não faria falta alguma lá. Tenho apenas dois LPs que guardo até hoje, e esse é um deles (o outro é do Grinders).

Logo depois desse presentão, o ano letivo acabou, e o cara sumiu. Quando fui no show do Front 242, há cerca de 6 anos, procurei-o na platéia, e ele não estava lá. Nunca mais vi o tal do Danilo, e não me recordo do sobrenome dele, de forma que não consegui encontrá-lo via redes sociais. Queria saber o que está ouvindo hoje em dia um cara que em 1989 falava com empolgação sobre como era bom “o novo 7 polegadas do Cassandra Complex” numa sala de aula de um colégio estadual.



*Formado em Propaganda e Marketing, Douglas L. Prieto é redator, colunista e blogueiro da Revista CemporcentoSKATE e Editora ZY. Em 2011 voltou a sentar na cadeira da escola, e está fazendo Pós-Graduação em Jornalismo e Direção Editorial na ESPM. Mas, acima de tudo, é skatista de alma, levando a vida em cima do skate desde 1987. Essa é sua primeira colaboração direta no Zinismo, e esperamos que seja a primeira de muitas.

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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

RAEL BRIAN = EXPO DESTRUINDO ROSTOS + ENTREVISTA



Rael Brian é um artista de Brusque (Santa Catarina) que se expressa através das colagens e circula pelo mesmo universo que o Zinismo, traduzindo: Skate, punk rock, hardcore, faça-você-mesmo e arte.

Por esta sintonia já passou por aqui algumas vezes e temos a grata satisfação de informar que sábado agora (dia 12 de novembro) haverá a abertura de sua exposição "Destruindo Rostos" no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso. Além da exposição, o artista dará uma oficina de colagem no domingo, dia 13.



O Zinismo conversou com o jovem niilista sobre arte, inspiração, processo de trabalho e nossa decadente sociedade.

No ano passado rolou uma exposição sua em Balneário Camboriú, com o sugestivo título “Raiva Espiritual". O que mudou da Raiva Espiritual para a "Destruindo Rostos"?
Não mudou muita coisa não (risos), a raiva e o nivel de perturbação continuam os mesmos. O que eu creio que mudou foi meu trabalho estar mais maduro por influência da faculdade de fotografia que fiz e ter dado uma outra direção com enfase no retrato. Cada dia mais emo e agressivo (risos).

Vivemos numa sociedade em que a valorização de um ideal de beleza faz com que as pessoas se submetam à (dolorosas) cirurgias plásticas para se sentirem bem. Esse tipo bizarro de comportamento é uma inspiração para sua arte?
Pode se dizer que sim, as pessoas estão sempre correndo atras de um status perante a sociedade que é baseado em cima da mentira, como ter uma aparência que agrade aos outros e que a ponha em um determinado grupo social. Tem um rosto e uma aparência bonita, mas por tras a historia é outra. Não posso falar muito porque tambem me incluo nessa crítica.



Embora o título de sua nova exposição seja Destruindo Rostos, seu processo de trabalho se dá também através da reconstrução de novos rostos através dos recortes de faces anteriormente destruídas. Na sua arte e crítica, o que prevalece para você: a esperança ou a descrença social?
Descrença total em tudo e em todos. Isso me tira muitas noites de sono (risos), não acreditar em nada e muitas vezes nem em mim mesmo. Os valores que imperam na cabeça das pessoas como crenças falidas e o lucro a qualquer preço me fazem ter uma descrença em qualquer coisa.

O que te influencia (tanto esteticamente quanto em termos de postura ou atitude)?
A estética suja e sincera de artistas como Mikey Welsh que infelizmente faleceu esses dias, que tinha uma arte completamente sincera e que não tinha medo de expor seus sentimentos. Gente como Thurston Moore, Tim Kinsella, Glen Friedman, Carlos Dias, Redson, me influenciam pela postura de sempre se renovarem sem perder sua identidade. Acho que é isso que procuro. DIY e sinceridade.

Por que colagem? Como é o seu processo de criação e construção dos trabalhos?
Porque nunca tive afinidade com desenho e pintura (risos). Não sei, o negócio pra mim tem um ar marginal, uma arte que simplesmente é uma transformação de algo que já existe e já tem função como uma imagem qualquer de uma revista e essa trasnformação vira arte (risos). Isso é muito doido pra mim. Meu processo é sempre o mesmo ou quase sempre. Chego no meu estúdio e vejo aquela bagunça, cheio de revista jogada no chão, poeira, mofo e penso "puta que merda" uhauhauha, que vontade de voltar pra casa e dormir (risos). Ponho um som, esse ano ouvi muito o Bitches Brew do Miles Davis e bastante rock emo como Elliott Smith, Joan of Arc, Braid para criar e faço uma pesquisa rápida nas revistas e começo a experimentar: camada por cima de camada, olho por cima de olho, boca por cima de boca e vai ficando uma coisa sem pé nem cabeça (risos). Até que a parada tome um rumo. É um processo lento pelo fato de eu ser bem seletivo com as imagens que uso.



Acredito que estamos vivendo no Brasil, uma cena forte de colagem com artistas influenciados pela cultura punk. Fale um pouco de seus comparsas nesta cena:
Acho que é uma galera que tem os mesmos ideais e uma vontade muito grande de fazer algo, de criar algo e dizer algo. A maioria se conhece e se ajuda como o Kauê Garcia e a Carol que sempre me ajudaram e apoiaram. Tem neguinho que tá numa pegada cabreira como o Alex Vieira, Geo, ... Acho que essa nossa geração tem muito ainda o que mostrar, isso é só o começo, muita coisa ainda está por vir.

O Rael foi um dos entrevistados na edição do ZINISMO impresso que saiu no ano passado e pode ser baixada aqui!



Serviço:

DESTRUINDO ROSTOS - Exposição de RAEL BRIAN
Abertura: dia 12/11, sábado 19h.
Visitação: de 13 a 30/11.
Oficina de colagem: 13/11, domingo 14h.

CCJ-Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
Av. Deputado Emilio Carlos-3.641-Vila Nova Cachoeirinha-São Paulo -SP.

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Blog do Rael.

DVD DA GANGRENA GASOSA

Como disse no post anterior, os cariocas estão de fato empenhados no crowdfunding. Agora é a vez da lendária banda Gangrena Gasosa, "a única banda de saravá metal do mundo", usar a ferramenta para viabilizar o lançamento do seu primeiro DVD.

"Suncê num vai colaborá?"



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MAIS CROWDFUNDING: A FILIAL

Mais uma nota de crowdfunding aqui no Zinismo, e mais um carioca na parada: depois do guitar/indie dos Cigarettes, agora é a vez de divulgar a ação do grupo de rap A FILIAL. Através do site Embolacha, o grupo precisa/pretende levantar 16 mil dinheiros brasileiros para gravar, prensar e distribuir seu novo disco, além de cumprir os acordos das "recompensas".

Com criatividade, skate no pé e o molejo que lhe é característico, nosso camarada Edu Lopes estrela o videozinho logo abaixo, explicando melhor a ação:



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terça-feira, 8 de novembro de 2011

VOCÊ TEM QUE OUVIR ISSO!


O jornalista e escritor Luiz Cesar Pimentel, que já fez uma colaboração muito especial aqui na casa, está lançando seu novo livro, chamado "Você tem que ouvir isso!". Trata-se de, nas palavras do próprio, "um compilado de mixtapes que 90 artistas fizeram, das músicas fundamentais para as vidas deles. Cada artista escolheu 20 músicas, que caberiam num CD, e explicou a importância delas". O livro traz listas de músicos de bandas como Dead Fish, Pato Fu, Ira!, Krisiun, Sepultura, dentre muitas outras.

Para quem mora (ou está) em São Paulo/SP, o lançamento acontece na quinta-feira, 10/11, na FNAC Paulista (av. paulista, 901), das 18h às 22h.

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domingo, 6 de novembro de 2011

SPIKE JONZE + UNKLE



Video de domingo.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

FANZINADA NO MASP!



A Fanzinada é um evento que reúne em uma mesma data e local, atividades diversas relacionadas ao mundo dos fanzines.

A primeira foi realizada em Santo André, no mês de abril, a segunda em Goiânia no mês de setembro e sábado agora, a partir das 14:00 horas acontecerá no Vão livre do MASP em São Paulo, mais precisamente no Acapamento Ercília, instalação da artista norte americana Swoon (que faz parte da exposição De dentro e de fora em cartaz no museu até 23 de dezembro).

Esta fanzinada está sendo organizada pela fanzineira Thina Curtis (Spell Work Zine)e possui uma programação intensa e eclética, com vários nomes familiares deste blog!

Exposição de desenhos: Cledson Bauhaus
14:00 hs – Oficina de HQ – Wendell Sacramento
14:00 hs – Instalação EXINTER – com Gabriela Iasi
15:00 hs – Graffiti – Live Paint com Daniel Melim, Dedot e Patricia Rizka
16:00 hs – Documentários Fanzineiros do Século Passado – Márcio Sno e Punk SA – Thina Curtis
17:00 hs – Debate – Zines, Produção Cultural e Mídias Alternativas
Márcio Sno, Fernanda de Aragão, Thina Curtis, Ugra Press, Renato Donizete, Flávio Grão e Job Fernando (The Katz).
17:00 hs – Oficina de fanzines e oficinas paralelas
18:00 hs – DILL – perfomance teatral
18:30 hs – Glassbox – Show de Rock Alternativo

Zines participantes:Aviso Final, Vestindo Outubros, Introspecção, Anuário de Fanzines, UGRA press, Blog Zinismo, Spell Work, Karta Bomba, Oficinativa, Subsolo – ruas do ABC, Aisthésis.


Como podem perceber, o ZINISMO estará lá e como é de praxe, recomenda!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

NO MORE SHAVES



David Greenberger é um americano que um dia resolveu dedicar seu tempo livre visitando asilos masculinos. Lá, ele fazia o que os idosos mais gostam: ouvia a suas histórias. Percebeu, então, que poderia compartilhar essas diversas histórias para muito mais pessoas. Mas, de que forma? Hummm… Que tal um fanzine? Bingo! Foi assim que começou a publicar o Duplex Planet em 1979.

Mas o que publicava não era única e exclusivamente as histórias dos anciãos: ele fazia entrevistas fazendo perguntas como: “o que é felicidade?”, “o que é Marte?”, “o que é música?”. Pode parecer básico, bobo. Mas as respostas que recebia eram as mais variadas possíveis. E todas repletas de contextualizações etc. e tal. E isso que impressionou Greenberger e é o que torna essa coletânea de depoimentos tão enigmática e interessante.

Esse material acabou se transformando nos livros “Tell me if I’ve stopped”, “Duplex Planet: everybody’s asking who I was” e “Trees breathe out people breathe in” e, mais tarde em formato de CD, com o “The Duplex Planet Radio Hour”.

Como se não bastasse essa variedade de formatos, em 2003, lançou “No more shaves”, a versão em histórias em quadrinhos de algumas histórias que colheu em sua saga. Como não domina o desenho, chamou amigos para ilustrar. Em diversos casos, David aparece como personagem.

Os tipos de histórias são as mais variadas possíveis, como algumas lembranças do passado, teorias como a extinção dos dinossauros, as variadas espécies de cobras, as passagens pela guerra, o primeiro funeral, a origem das bruxas, a vida no espaço. Muitas parecem fora da realidade, que faz com que duvidemos da veracidade. Mas, acho que isso é que menos importa, o interessante é onde a imaginação e a criatividade dos narradores vão e como os ilustradores adaptam para os quadrinhos.

Esse trabalho acaba não apenas alimentando a fome de entretenimento do leitor, ele também faz pensar sobre como é curioso o universo cheio de bagagem e de muita imaginação da terceira idade. Dá até para refletir como será o “nosso universo” quando chegarmos lá.

Para ter um gostinho do trabalho de Greenberger, acesse o site: duplexplanet.com, onde tem diversas categorias, com perguntas sobre determinado tema, respondido das formas mais diversas pelos vovôs.

Boa viagem.




DIA DOS MORTOS - JOSE GUADALUPE POSADA



Particularmente invejo as sociedades ou religiões que conseguem lidar de um modo mais natural com o temido e inevitável momento da morte.

Dentre estas, o Dia dos Mortos no México (que também é comemorado no dia 02 de novembro) chama a atenção pelas suas alegres e coloridas festividades, marcadas pela "produção" de diversos itens baseados na Calaca ou Calavera, como maquiagens, cartazes e até doces.

Não há como desvincular este ícone tão presente no dia dos mortos mexicano, da influência de um artista em especial: o gravador Jose Guadalupe Posada.

Posada, viveu no México entre 1852 e 1913, e utilizava principalmente as técnicas da xilogravura (gravação através do entalhe na madeira) e litografia (gravação na pedra). Participou ativamente da mídia da época e produzia também panfletos populares onde os desenhos sempre tinham papel crucial (pois o povo - em sua maioria era constituído de analfabetos).



Posada retratava a vida política, assuntos cotidianos, escândalos da sociedade e até boatos escabrosos em tons sensacionalistas, sempre através de um viés crítico e popular.



Não esqueçamos também das caveiras, que foram utilizadas amplamente em suas produções e que justamente garantiram a popularidade (eternidade?) do estilo e memória do artista até os dias de hoje.



Grande mérito na perpetuação da memória do artista se deve também ao artista Diego Rivera, que quando vivo, resgatava diversas referências da cultura tradicional mexicana em sua arte e trouxe de volta, aa figuras de Posada.




Separamos um documentário de José Guadalupe Posada, em duas partes! Viva as Calaveras e Calacas!





Nesta pintura, Rivera pintou se em um encontro com o mestre e a esposa Frida Kahlo.