quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ENTREVISTA LÊ ALMEIDA


Tive o primeiro contato com Lê Almeida através da coletânea em vinil 7 polegadas Coração Transfusionado, que comprei na loja Locomotiva Discos, dos irmãos Gilberto e Márcio Custodio. Alguns meses se passaram e, dias atrás, recebi um pacote enviado pelo ativista guitar Rodrigo Lariú, contendo o novo álbum do artista carioca, chamado Mono Maçã. Em vinil, coisa fina, 23 sons que navegam pelo guitar rock lo-fi, com influência de nomes como Guided By Voices e Pavement.

Por email falei com o cantor e compositor de 27 anos, que mora na Baixada Fluminense e trabalha com o pai, consertando malas. Além de tocar e gravar suas próprias músicas, Lê também lança trabalhos de outros artistas, pelo seu selo Transfusão Noise Records. Confira a entrevista.


Há quanto tempo você vem tocando e compondo?
Desde os 15 anos eu acho, comecei tocando bateria e depois fui partindo para outros instrumentos.

O estilo de som que você faz remete bastante à antiga escola guitar nacional, dos anos 90. Pelas imagens que vi em vídeo, você parece jovem, ou ao menos jovem demais para ter vivido intensamente aquela época. Como é sua ligação com essas bandas e essa época?
Eu curto muito o que já foi feito desse tipo de sonoridade, mas não tanto a nacional como você se refere, sou mais ligado aos roques 90 do Erics Trip, Microphones, Guided By Voices, Daniel Johnston, Halo Benders e afins. De nacional eu sou só muito fã do Second Come e Stellar.

Lançar em vinil é: realização de sonho, profissão de fé ou mais possível do que as pessoas imaginam?
Pra mim foi realização de sonho e viabilização para um mercado bonito e gratificante, onde você consegue fazer brotar uns sentimentos perdidos em meio a um monte de CDs. Sempre fui muito ligado a LPs e hoje nem acho uma coisa de total dificuldade, quando se trabalha com seriedade.

Também li por aí que você gravou o disco em casa, usando um Tascam, captou baterias no quintal, etc. Essa história procede?
Sim, todas as minhas gravações se baseiam em experiências caseiras ligadas a fita k7 e captações diferenciadas de sons, tanto em quintal como dentro do quarto e outros cômodos.

Nas suas músicas, a voz não vem em primeiro plano, está sempre meio enterrada, como se fosse mais um instrumento. O que é mais importante: as letras/voz ou a música/instrumental?
Eu considero a voz como mais um instrumento dentro das guitarras, acho que não precisa ser de um todo enterrada, mas não precisa ficar lá na frente como em 90% dos casos por aí.

Para você, o que é o rock brasileiro?
Complexo, existem várias variantes, eu não consigo ver tudo como uma coisa só... Me vejo dentro do roque independente que cultiva guitarras distorcidas e sei um pouco sobre isso. No contexto de roque brasileiro eu só entendo que tudo é meio repetido e limpo. Em relação a cenas e selos, acho que a coisa vem dando uma nova volta, ligada as bandas realmente independentes e pessoas realmente cientes do que querem fazer.



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